A arte contemporânea e seu intercâmbio de linguagens e olhares

Começa nesta quinta-feira (19), no Rio de Janeiro, o 11º FIL – Festival Internacional Intercâmbio de Linguagens. Ao virar uma década, o FIL 2013 tem muito a comemorar: o crescimento nesse período e a participação de múltiplos olhares, representados por trabalhos do Brasil, Alemanha, Peru, Bósnia, China, França, Argentina e Dinamarca, entre outros. Com o objetivo de mostrar uma ampla gama de produções da arte contemporânea – como teatro, circo, dança, vídeo, arte e música –  a programação reúne espetáculos binacionais, oficinas gratuitas para crianças com foco na sustentabilidade, debates e mostras como a comKids, que vai apresentar alguns premiados no Festival comKids Prix Jeunesse Iberoamericano 2013.

Por traz deste complexo empreendimento está a dramaturga, diretora teatral, atriz e escritora Karen Acioly, que aos poucos foi cruzando fronteiras e agregando produções de outros continentes. “Quando começamos essa idéia, eu ainda não conhecia o mundo lá dos outros mundos. Tinha viajado só pelo Brasil e sentia a necessidade de pararmos a olhar para o próprio umbigo e de nos relacionarmos com as outras cidades brasileiras. Foi assim que começamos: num deserto.” Depois de visitar a França e se supreender com um universo de atividades voltas ao público infantil, Karen retornou estimulada a tocar sua idéia. “Foi como descortinar mil mundos, sendo que o mundo que unia a tudo, era o mundo dedicado às crianças. E então, abrindo essas frestas e entrando dentro delas, criamos o FIL- Festival Internacional Intercâmbio de Linguagens para fazer esse cruzamento de mundos”, orgulha-se.

Veja aqui a entrevista que fizemos com a Karen.

E esse mundo vem se cruzando como mostram as atrações que entre os dias 19 e 29 deste mês estarão distribuídas em oito espaços culturais  diferentes do Rio de Janeiro, como o Teatro Municipal do Jockey, parceiro desde a primeira edição do FIL, os teatros Ipanema, Municipal Café Pequeno, Oi Futuro Flamengo e Oi Futuro Ipanema, entre outros. E sempre acessível ao público de diferentes idades.

Destaques 

Entre as atrações internacionais, a França está representada com linguagens distintas –  dança, teatro e circo contemporâneo. Suspend’s (Compagnie 9.81) é um espetáculo de leveza e poesia em que os artistas usam o corpo um do outro como uma referência no espaço. A obra combina elementos de dança e acrobacias, apoiados em luzes e projeções audiovisuais. Vagabundo (Cie Areski à l’Eclat de Pont-Audemer) é um Teatro de Marionete. A narrativa reproduz como estabelecemos os laços que nos ligam aos outros. Post (Cirque Bang-bang), representa o circo contemporâneo, com malabarismo visual, que põe frente-a-frente dois indivíduos em pleno vazio.

POST // Cirque Bang Bang from CIRQUE BANG BANG on Vimeo.

O Canadá participa do FIL com espetáculos produzidos em Quebec. Trata-se de um mix de linguagens, como Flots (Théâtre des Confettis) e Edredon (Incomplètes) voltados aos primeiros anos da infância. Da Alemanha, vem a peça Herr Schmitt e Herr Schmidt (Theater Mobilis), de música cênica.

Hugo Suarez, do Peru, e Inês Pasic, da Bosnia, que fundaram o Teatro Hugo & Inês, em 1986, trazem para este FIL,  o teatro de marionete corporal, Desde o Azul. A Dinamarca apresenta duas produções – Vento (Theater Madame Bach) e Música que vem do céu (Refleksion). A primeira, uma peça de teatro sensorial em que os pequenos são convidados a um passeio com o vento. A segunda, em um mix de linguagens, o público é convidado a entrar em uma tenda onde ficará muito próximo da única atriz em cena.

Já entre os espetáculos nacionais destacam-se O Mundo encantado de Buarque de Hollanda, onde uma trupe de saltimbancos e um menino chamado Chico fazem uma viagem musical; e Felizardo, musical infantil com pitadas circenses e teatrais. Ainda nesse mix de linguagens e resgate de gêneros o FIL oferece ao publico infantil o mundo maravilhoso da ópera.

Completa o grande leque de atividades uma exposição que resgata o imaginário das crianças brasileiras. Chamada Infâncias a mostra faz uma viagem aos quintais 
do País. Pautada pelo olhar de crianças de diferentes regiões, reúne brinquedos, fotos, documentários e registros textuais que representam a diversidade de saberes, fazeres e pensares da infância. O trabalho é resultado de um projeto de pesquisa que percorreu comunidades indígenas ao longo do rio Xingu, no Cariri cearense, no interior de Goiás, na periferia paulistana, no Vale do Jequitinhonha e em comunidades do Velho Chico. O Projeto Infâncias tem outros formatos de realização que serão produzidos ao longo da pesquisa.

A programação deste FIL é extensa e conta ainda com Mostras especiais. Entre elas estão: Óperas infantis, Circo, uma série de mostras para jovens, além da linda mostra do Grupo Sobrevento, que trabalha com a pesquisa e prática da animação de bonecos, formas e objetos. O grupo realiza o festival Primeiro Olhar – Festival Internacional de Teatro para bebês.

Mostra FIL/Comkids

Entre as mostras que o FIL organiza nesta edição, merece destaque a Mostra comKids de produções premiadas no Festival comKids Prix Jeunesse Iberoamericano 2013, realizado em junho último. Com trabalhos da Colômbia, Brasil, Portugal e Japão, o público terá acesso a produções de qualidade, ausentes das salas de cinema. Design Ah! , do diretor japonês Masakazu Sato, mostra para as crianças como o design pode tornar a vida das pessoas mais divertida e criativa. Disque Quilombola, dirigida por David Reeks, do Brasil, apresenta crianças do Espírito Santo que conversam de um jeito divertido sobre como é a vida em uma comunidade quilombola e, em um morro na cidade de Vitória. O musical João, o galo dedregulado, produção brasileira, dirigida por Camila Carrosine e Alê Camargo, narra a história de João, um galo com comportamento atípico que ficou famoso por cantar na hora em que bem queria. Niña Ají – Popular o normal, da Colômbia, mostra a história de uma menina que tem que lidar com seu pecualiar coração – uma pimenta vermelha. Também da Colômbia, Mi Abuela (Minha avó) aborda questões reais como a velhice: uma menina de sete anos, com medo da pele enrugada da avó a imagina como uma grande árvore nodosa. Em O Gigante, coprodução Brasil Portugal, uma menina viaja no coração de seu pai que é um gigante.

Para saber os horários da programação, acesse: http://fil.art.br/

Liana Milanez

Redatora do site

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