A mídia pode minimizar o preconceito existente
O comKids está dedicado a criar e dar espaço para as diversas infâncias e para abordagens dirigidas à ela. E são muitos tons, de várias cores, que buscam potencializar a infância como um estado cultural e social. Sendo assim, um dos aspectos essenciais de nossa missão é o movimentos constante e permanente para descobertas destas infâncias, com olhares ricos e cheios de possibilidades para inspiração e criação de repertório para todos nós.
Neste tom, temos o grande prazer de compartilhar este relato do Valdir Cimino, presidente da Associação Viva e Deixe Viver, onde ele oferece um olhar potente sobre a cultura da infância, a oportunidade que temos de contribuir para minimizar o preconceito existe sobre o que é transtorno mental e como as histórias e o brincar são ricos instrumentos para o desenvolvimento infantil. Veja a beleza deste trabalho. Com muito prazer, o comKids compartilha este artigo.
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A mídia pode e deve minimizar o preconceito existente sobre o que é transtorno mental, por Valdir Cimino
“O mais incompreensível do mundo é que ele seja compreensível.” (Albert Einstein)
Desde 2006 atuando no Instituto de Psiquiatria do HC em São Paulo através de pesquisa comportamental sobre os benefícios da arte de contar histórias e do brincar junto às crianças e adolescentes e suas famílias, vivenciamos a importância da comunicação entre os sujeitos que produzem saúde, e posso afirmar que a “loucura”, ou a forma politicamente correta de referenciar estes pacientes, os” transtornos mentais” é a área da saúde que sofre o maior grau de preconceito. A família na maioria das vezes tem vergonha de apresentar uma pessoa que tenha qualquer tipo de transtorno mental e com isso tenta inseri-la na sociedade como se ela nada tivesse a ser tratado. E com isso, apenas ratifica o preconceito contra o tratamento.
A saúde mental é tão importante quanto à saúde do corpo. Buscamos os médicos para o tratamento corporal, e com o desenvolvimento das especialidades, não nos entendemos como um todo e fugimos do psiquiatra e psicólogo pelo medo de ganhar o rotulo de “louco, tan tan, esquisito, débil, pinel, e para os mais elitizados: excêntrico”. Estes sujeitos estão por todo lado, dormindo debaixo dos viadutos, zumbizando pelas ruas e avenidas, com cara de pedinte e sem cara também quem sabe ao seu lado, quando estiver lendo este artigo.
“Dizem que sou louco por pensar assim. Se eu sou muito louco por eu ser feliz. Mas louco é quem me diz. E não é feliz, não é feliz. (Mutantes).”
O estigma da doença persistirá enquanto houver a ignorância em favor do isolamento e alienação que a própria sociedade permite, seja trancafiando pacientes em manicômios, hoje menos graças aos medicamentos, ou pela a falta de informação e prevenção adequada envolvendo a família, educadores, profissionais da saúde o próprio paciente e a “mídia”, que ainda fortalece o desserviço quando utiliza terminologias e vocabulário próprio da saúde mental para referenciar em manchetes o péssimo politico, o empresário sacana, ou a situações nada positivas. Alias a sensação que temos é a imperialização das noticias trágicas, hospital precisa produzir boas notícias.
Em se tratando da criança e o adolescente como protagonistas desta história, a situação se agrava, pois as mães muitas vezes são consideradas, ou julgadas, incapazes de controlar seus filhos, e dependendo da patologia, o comportamento agressivo torna impossível a relação pessoal com a família, na escola e no próprio tratamento.
Cerca de 46 milhões de brasileiros têm problemas de algum tipo de deficiência mental, motora, visual ou auditiva. Menos de 10% deles têm acesso a tratamento, conforme Censo Demográfico, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Já que o buraco é grande e bem mais embaixo, precisamos urgentemente de campanhas efetivas e esclarecedoras para a população entender melhor o que é uma doença mental e a busca de tratamento adequado. Isto é dever do governo e principalmente dos meios de comunicação, abrindo mais espaço, impacto e frequência para as boas e menos sensasionalismo que só reforça a ignorancia e o preconceito.
Valdir Cimino – Presidente da Associação Viva e Deixe Viver, Professor na FACOM/FAAP e Diretor da Cimino Eventos – www.valdircimino.com.br [email protected]
Veja também – Manual de Atividades Lúdicas – por Dra. Marisol Sendin
“O grande valor das histórias está exatamente na oportunidade de apresentar à criança algumas idéias sobre os seus conflitos e, ainda assim, respeitar seu tempo, seu período de hesitação. Assim, a criança pode optar quando reconhecer que alguns dos aspectos descritos na história pertencem à sua realidade psíquica, sem que se sinta invadida por um conteúdo brusco interpretativo, frente ao qual necessita reagir, perdendo assim a oportunidade de maior integração de si – mesma”, destaca a psiquiatra.
A elaboração dos manuais é resultado da parceria iniciada entre o Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clinicas de SP e a Associação Viva e Deixe Viver, com o desenvolvimento da pesquisa sobre “O Brincar como Atividade Terapêutica nos Tratamentos Psiquiátricos de Crianças e Adolescentes”. Veja abaixo:
Manual de atividades lúdicas: Brincar
Manual de atividades lúdicas: Contar histórias
Cursos e oficinas
A Associação Viva e Deixe Viver promove em sua sede cursos e oficinas.
Confira a programação no site.
*Artigo publicado na Revista Marketing emMaio/Junho 2013
* Foto do destaque: scatena – foto acervo viva e deixe viver.jpg