As descobertas fascinantes do Museu Roald Dahl

Há uma rua estreita em Great Missenden, a noroeste de Londres, marcada por um crime inédito. Aconteceu durante uma noite tranquila – como todas as noites nessa pequena vila. Um gigante orelhudo, vestindo uma capa, raptou uma menina chamada Sophie. Foi um assombro, mas ninguém na cidade viu, não há testemunhas além de um homem, o único que jura de pés juntos que viu, chamado Roald Dahl.

Dahl é o cidadão ilustre de Great Missenden, onde viveu por boa parte de sua vida. A vila britânica, além de inspiração para seus celebrados livros, é a casa do Roald Dahl Museum and Story Centre, um paraíso para quem é fã do autor, de Matilda, de James e o Pêssego Gigante, de Willy Wonka, do Fantástico Senhor Raposo e do Gigante orelhudo – que apesar do rapto de Sophie, era boa pessoa – e da outra dúzia de personagens famosos que ele criou.

A visita, bastante fora dos guias de viagem, foi uma ótima surpresa. A casa é pequena e aconchegante. Os objetos de decoração e o ambiente de trabalho de Dahl, que morreu em 1990, foram conservados nos mínimos detalhes. Os tempos na África, sua história na Royal Air Force, a participação na Segunda Guerra e o acidente que o deixou temporariamente cego e com um problema grave na coluna são contados com objetos, álbuns de fotos e instalações criativas.

Na visita, fica bem evidente como o autor era metódico com o trabalho e excêntrico nos gostos. Dahl tinha uma edícula no jardim, em que trabalhava isolado, em horários bem definidos. Ele construiu a própria poltrona, em virtude do problema de coluna, e a prancheta em que escrevia, coberta por feltro verde. Na mesa ao lado, entre os bibelôs recolhidos em viagens, brilha uma peça redonda e amarelada. É a cabeça de seu fêmur, retirada em uma cirurgia.

Aproveite o passeio pelas fotos abaixo. No final do post estão as coordenadas para chegar ao museu!

Logo na entrada do museu, as ilustrações do Quentin Blake: o Gigante orelhudo e o macaco do The Giraffe and the Pelly and Me que convida para o Café Twit.

2

Dahl, que era galês de Cardiff, tinha 1m98 de altura, o que quase minou suas chances de pilotar.

3

Roald Dahl é o garoto à direita, ao lado de seus amigos de infância. Os três foram responsáveis pela aparição enigmática de um rato morto no pote de balas de uma loja. A proprietária, conta Dahl, não era das mais simpáticas. Boa parte das histórias está no livro Boy – Tales of Childhood, que não é uma autobiografia (Dahl disse que jamais escreveria uma) e sim um livro divertido de causos da vida do autor.

As paredes da edícula onde Dahl trabalhava, ilustrada com expressões que aparecem nos livros do autor.

As paredes da edícula onde Dahl trabalhava, ilustrada com expressões que aparecem nos livros do autor.

5

O museu conta toda a história de vida de Dahl com objetos, fotos e filmes. As cartas que ele trocava com a mãe, nos tempos de colégio interno, são deliciosas. A maioria começa com: obrigado, mãe, pelo chocolate que a senhora enviou. Não por acaso, Dahl tinha fascinação pela ideia de fabricar chocolate e acreditava que o método deveria ser ensinado nas escolas. O amor pelas barras virou livro e depois o famoso filme A Fantástica Fábrica de Chocolates, um tremendo sucesso.

A estrela do museu: a poltrona de Dahl, que ele mesmo construiu, dentro da edícula. Tudo exatamente como ele deixou. A disciplina de trabalho era a seguinte. Ele tomava seu café da manhã e ia à edícula às 10h30, onde trabalhava até o meio-dia. O almoço preferido era camarões com salada de alface e maionese, seguido de um gim tônica. De sobremesa, uma barra de chocolate. Depois de uma soneca, ele voltava à edícula e trabalhava das 16h às 18h. Depois voltava à casa para jantar

A estrela do museu: a poltrona de Dahl, que ele mesmo construiu, dentro da edícula. Tudo exatamente como ele deixou. A disciplina de trabalho era a seguinte. Ele tomava seu café da manhã e ia à edícula às 10h30, onde trabalhava até o meio-dia. O almoço preferido era camarões com salada de alface e maionese, seguido de um gim tônica. De sobremesa, uma barra de chocolate. Depois de uma soneca, ele voltava à edícula e trabalhava das 16h às 18h. Depois voltava à casa para jantar.

A coleção de bibelôs de Dahl, desde a ametista recolhida em viagens até a cabeça de seu fêmur, ao centro. Na xícara, os lápis que o autor usava – ele sempre escrevia a lápis. Os papéis que Dahl usava eram de um único tipo: amarelos, de cadernetas, vindos de Nova York. Método, disciplina e um pouco de obsessão.

A coleção de bibelôs de Dahl, desde a ametista recolhida em viagens até a cabeça de seu fêmur, ao centro. Na xícara, os lápis que o autor usava – ele sempre escrevia a lápis. Os papéis que Dahl usava eram de um único tipo: amarelos, de cadernetas, vindos de Nova York. Método, disciplina e um pouco de obsessão.

A essência da obra de Dahl: o exagero nas características dos personagens. Os que são maus são terríveis, os que são sujos são nojentos e os que são bons são adoráveis.

Linda surpresa! Encontrar a maquete e os bonecos usados na adaptação para cinema de Wes Anderson para o Fantástico Sr. Raposo, filme de 2009.

Agora em close, a elegância do Sr. Raposo.

Agora em close, a elegância do Sr. Raposo.

Além do museu, o espaço para eventos com crianças é excepcional. Há uma vasta programação para escolas e para quem quiser comparecer. Aqui, uma das salas e a mesa com a bota, que sabe-se lá o motivo encontrava-se disposta dessa maneira, em cima da mesa, junto com os desenhos.

Além do museu, o espaço para eventos com crianças é excepcional. Há uma vasta programação para escolas e para quem quiser comparecer. Aqui, uma das salas e a mesa com a bota, que sabe-se lá o motivo encontrava-se disposta dessa maneira, em cima da mesa, junto com os desenhos.

Uma das atividades era colorir um Oompa Loompa, personagem da Fantástica Fábrica de Chocolates. Salva de palmas para o Chris, de 31 anos, pelo excepcional trabalho.

Uma das atividades era colorir um Oompa Loompa, personagem da Fantástica Fábrica de Chocolates. Salva de palmas para o Chris, de 31 anos, pelo excepcional trabalho.

O museu tem uma sala de contação de histórias. No detalhe, as paredes enfeitadas com bandeirolas, palavras, objetos e colagens que remetem aos livros de Dahl.

O museu tem uma sala de contação de histórias. No detalhe, as paredes enfeitadas com bandeirolas, palavras, objetos e colagens que remetem aos livros de Dahl.

A menos de um quilômetro do museu fica o cemitério onde foi enterrado Roald Dahl. Atrás do vaso de flores, um pouco escondida, estão as pegadas do Gigante.

A menos de um quilômetro do museu fica o cemitério onde foi enterrado Roald Dahl. Atrás do vaso de flores, um pouco escondida, estão as pegadas do Gigante.

Para chegar em Great Missenden, pegamos um trem da estação Marylebone, em Londres. A viagem leva cerca de uma hora e custou £12.50 (R$ 50) por pessoa, ida e volta. Você pode comprar as passagens no site da Chiltern Railways.

Se estiver com crianças, vale muito a pena buscar a programação do museu para dias de eventos. Há workshops de escrita e desenho, caminhadas e contação de histórias.

Acesse: https://www.roalddahl.com/museum

As entradas custam £6.60 (R$ 25) para adultos e £4.40 (R$ 18) para crianças. Menores de 5 anos não pagam.

O telefone é + 44 (0) 1494 892192.

Garatújas Fantásticas

http://garatujasfantasticas.com/

Com foco em arte e literatura, o Garatujas Fantásticas é uma iniciativa do Estúdio Voador, uma ponte para que adultos e crianças experimentem o mundo juntos, troquem olhares e experiências.

Posts relacionados