Conversas comKids: diversidade e infâncias

Ouvir e dar voz à diversidade das infâncias e juventudes é um desafio para educadores e criadores de produções voltadas a crianças e adolescentes. E esse é um dos temas das Conversas comKids, os espaços de debate da programação do Festival comKids – Prix Jeunesse Iberoamericano, evento que será realizado este mês em São Paulo. Para conferir a programação do festival, clique aqui.

A Conversa comKids Diversidade e potência das infâncias e juventudes reúne nesta terça-feira, dia 18 de agosto, no Sesc Consolação, profissionais das mais diversas áreas do conhecimento e do meio artístico que se dedicam ao trabalho com novas gerações. Para acompanhar a conversa comKids, retire sua senha 30 minutos antes do início do evento. Veja aqui quem estará no debate.

Adriana Friedmann, doutora em Antropologia, mestre em Educação e consultora em temáticas da infância, é uma das convidadas do festival. Ela antecipou por email algumas reflexões sobre os canais de diálogo com essa diversidade multicultural. Confira!

Adriana Friedmann
Foto: Adriana Friedmann, divulgação

comKids – O contato das novas gerações com as múltiplas telas e suas formas de comunicação estabelece novas formas de interação, produção de conhecimento, novas relações culturais. Diante desse novo universo, é preciso pensar projetos e produções voltadas à criança e ao adolescente também com novas perspectivas?

Adriana Friedmann – ​Acredito que as perspectivas atuais, no que diz respeito a produções e projetos para crianças e adolescentes, teriam que incluir, sem dúvida, os contextos, grupos infantis, potências e diversidade de ‘vidas e realidades’; conhecimentos e olhares sobre a diversidade de culturas e interações infantis. ​

​Mais ainda, é essencial para quem elabora estes projetos e produções, conhecer estes diversos grupos infantis, suas realidades, linguagens e culturas a partir das expressões e vozes das próprias crianças. Para tal é básico conhecer estas linguagens – plásticas, lúdicas, corporais, musicais, etc. – e poder escutar e conhecer as crianças e adolescentes a partir de olhares antropológicos. Acredito que este seja um caminho fundamental que precisa dialogar com os olhares e ideias adultocêntricos, para poder assim, incorporar esta diversidade de culturas e suas ‘vozes’ nestas produções.​

As novas perspectivas que se anunciam são multidisciplinares: falamos e tentamos compreender e conhecer o mesmo ser humano, porém, sem conhecer e compreender seus ‘habitats’, paisagens, culturas e linguagens, estas novas perspectivas não serão fidedignas do que as crianças e adolescentes estão vivendo.

comKids – Como atentar para dar representatividade a toda a diversidade desse universo multicultural?

​Trata-se de uma tarefa infindável. Porém, é urgente e necessário dar curso a estes processos de conhecimento e trazer a público, através da possibilidade de produções e pesquisas potenciais, esta diversidade multicultural que vive em cada criança, adolescente e nas memórias dos adultos.

O processo de escuta, pesquisa e possibilidade de dar voz a este público, passa por uma mudança paradigmática e metodológica em que nos deparamos com temas que passam por um respeito aos tempos, linguagens, singularidades e diversidade de realidades e manifestações infantis. O direito de ser criança e viver a infância, o direito de se expressar e experimentar; ter tempos e espaços para tal; e também o direito de ter suas vivências de infância preservadas. Todas estas questões passam por questões éticas ​e um amplo debate sobre direitos, autoria e autorizações, protagonismo e participação infantil. Necessário ter acesso aos conhecimentos e consciência sobre os conceitos, temas e áreas de atuação em que estes temas vêm sendo debatidos.

Fundamental também compreender qual o papel daquele que escuta, registra, lê e interage com este público infantil e adolescente, na reflexão da sua postura e ética quanto ao uso e veiculação das produções ou dos conteúdos levantados junto a estes públicos. ​As áreas de antropologia, educação, psicologia e comunicação ​podem trazer luzes a este respeito. Fundamental, portanto, caminhar para diálogos entre as diversas áreas de conhecimento que levantam e aprofundam este debate.

Conversa comKids “Diversidade e potência das infâncias e juventudes”
18 de agosto
das 20h30 às 22h30 (Senhas distribuídas 30 minutos antes do evento)
Sesc Consolação – São Paulo

Foto do destaque: Nuestro Perccapampa, Ministerio de Cultura, 2014, Peru. Produção participante do comKids – Prix Jeunesse Iberoamericano 2015, na seção Olhar das crianças.

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