Coprodução latina em “paper motion” estreia no Brasil

Porto Papel, o único programa infantil de TV da América Latina a conquistar prêmio no Festival Prix Jeunesse Internacional deste ano, estreou no canal brasileiro Gloob, um dos coprodutores da série. A animação inova dentro e fora da tela, por reunir quatro países sul-americanos na coprodução e ainda levar à TV a técnica do “paper motion”, uma mistura de stop motion de paper toys e animação 2D.

A ideia partiu da produtora de conteúdo chilena Zumbastico Estudios e o canal brasileiro Gloob foi o primeiro a aderir ao projeto, que depois agregou ainda o Señal Colombia, o canal Pakapaka, da Argentina, TVN (Chile) e contou com recursos de fundos do CNTV, o conselho chileno de televisão. O resultado da parceria é a série de 26 episódios, de 15 minutos, que vem conquistando prêmios do audiovisual infantil. Além do Prix Jeunesse, Porto Papel também esteve este ano na seleção oficial da categoria de televisão do Festival de Annecy, considerado o Oscar da animação. Ganhou também o prêmio de melhor série de animação no Chilemonos, o Festival Internacional de Animação realizado no Chile, e conquistou o prêmio TAL – Televisión América Latina, como melhor produção infantil de TV pública e cultural da região.

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“Porto papel” Álvaro Ceppi e Hugo Covarrubias, Zumbastico Estudios. Divulgação.

A série conta a história de Matilde, uma menina de 12 anos que vai passar as férias na casa do avô e, graças a um coco mágico, acorda todos os dias com um poder diferente e estranhíssimo, impossível de controlar. Um dia ela acorda com poder de mudar o clima ao espirrar, em outro se transforma em um porquinho ou pode passar 24 horas com o poder de falar com árvores, e por aí vai. As confusões e transformações diárias rendem momentos cômicos e de aventura ao roteiro.

Da TV às artes manuais

No Prix Jeunesse, Porto Papel conquistou o prêmio na categoria Beyond Television Prize, de produções multiplataformas e crossmedias. Isso porque, além da exibição na TV, o programa tem conteúdos digitais e interativos. Como os personagens, os cenários e objetos de cena são criados manualmente, com paper toys animados frame por frame em “paper motion”, os produtos interativos seguem a mesma linha. Assim os conteúdos criados para apps e site são um convite para criança também brincar longe das telas eletrônicas: recortar, colar, montar e criar outras histórias inspirada pelas aventuras de Matilde.
Para a estreia no Brasil, o Gloob preparou uma campanha especial de lançamento, segundo a gerente de conteúdo e programação do canal, Paula Taborda. “Na web, teremos um hotsite, três games e um app chamado ‘Eu de Papel’, onde a criança pode criar bonecos de papel com suas características e se colocar no mundo dos personagens”, contou Paula.
A gerente de conteúdo e programação do Gloob, Paula Taborda, falou ao comKids sobre Porto Papel e outras coproduções do canal.

comKids – Como está sendo a experiência de coprodução entre Chile, Colômbia, Argentina e Brasil?

“A experiência de produzir Porto Papel foi muito tranquila, apesar de longa. O Gloob entrou no projeto desde sua fase mais embrionária e levou um tempo até que esse pull de players se juntasse e todas as peças do quebra-cabeças se encaixassem. Depois disso, a produtora precisou de mais um ano para desenvolver a técnica utilizada, adicionando um esqueleto mecânico aos bonecos de papel para que eles pudessem ter o nível de movimentação que a série exigia, pois os roteiros têm bastante ação. Mas quando tudo isso estava finalizado, o conteúdo andou com muita facilidade. A atuação do Gloob em Porto Papel foi a mesma das produções originais do canal: nós acompanhamos cada etapa do projeto de perto, trocando ideias a cada decisão. Os demais coprodutores trouxeram algumas ponderações que foram centralizadas pela Zumbastico e facilmente aceitas por nós.

– A série incorporou adaptações para o público brasileiro com a coprodução com o Gloob?

No sentido mais macro, não. A série é sobre criança sendo criança e isso é universal. Mas tivemos que adaptar algumas piadas, especialmente na fase de dublagem, que só funcionavam em espanhol. Temos um episódio, por exemplo, em que eles brincam com outros sotaques hispânicos que não o chileno. Neste caso, adaptamos a brincadeira para português de Portugal.

– Além de Porto Papel, o Gloob entrou em outras coproduções internacionais, como Trullaleri e Alvin. Qual a importância estratégica das coproduções internacionais para o canal?

Animação é um formato que viaja muito bem e, dependendo da temática, pode ser universal. E com parceiros internacionais multiplicamos os esforços de divulgação e ampliamos a visibilidade da marca. Alvim já era uma marca estabelecida e o mecanismo com eles é bastante diferente, com muito menos interferência por parte do canal. Trullaleri é uma parceria com entre Rai, Gaumont, Disney Emea, Radio Canada e capitaneada pela Congedo Culturarte, da Itália. Boa parte do desenvolvimento dela é feito em Paris e atualmente estamos na fase de roteiro e animatics.

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“Porto papel” Álvaro Ceppi e Hugo Covarrubias, Zumbastico Estudios. Divulgação.

Alvaro Ceppi, diretor de Porto Papel, também conversou com o comKids sobre a série. Acompanhe aqui!

Destaque: Porto Papel, Álvaro Ceppi e Hugo Covarrubias, Zumbastico. Divulgação.

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