Do outro lado do mundo

Festivais internacionais asiáticos terão presença no comKids 2013, em junho

A valorização de produtos voltados para o público infantojuvenil tem sempre um apoio forte nos festivais internacionais. E dois dos eventos do gênero mais consolidados atualmente acontecem em países que, em relação ao Brasil, estão do outro lado do mundo.

No Japão, o Japan Prize já existe desde 1965 e, desde algumas mudanças em 2008, premiam não apenas programas de televisão, como também vídeos, filmes, sites e games. Já o Gold Panda, sediado na China, existe desde 1991 e mantém suas categorias mais direcionadas aos produtos criados para rádio e televisão.

Outra diferença entre ambos é a periodicidade. Enquanto o Japan Prize acontece anualmente, o festival chinês é bienal. Além disso, a premiação chinesa busca hoje se fortalecer como marca no mercado asiático, enquanto o japonês procura ressaltar uma característica mais globalizada. Por outro lado, os dois eventos promovidos pelo Estado e organizados por órgãos públicos de seus respectivos lugares: A Japan Broadcasting Corporation (NHK) e a Sichuan Radio & Television.

Entretanto, é possível perceber que a maior semelhança entre os dois festivais são seus principais objetivos. As duas premiações buscam incentivar e divulgar a elaboração de produtos que, indenpendentemente da mídia, consigam fazer o melhor amálgama entre educação e entretenimento.

Desenvolvimento global

Entre os dois eventos, o Japan Prize conquistou um caráter mais internacional. Apenas no ano passado foram 335 inscritos de 60 países diferentes. O grande mantra do evento, que acompanha as apresentações a cada ano é “encorajar adultos a perseguir o aprendizado contínuo da vida”.

O júri precisa levar em conta critérios gerais como a eficiência em providenciar novas informações, em estimular o entendimento mútuo e a abordagem de assuntos educacionais. A premiação é dividida em seis categorias gerais: pré-escolar (até seis anos), primário (entre seis e doze anos), juventude (entre doze e dezessete), educação continuada (dezoito anos em diante), educação para o bem viver e mídia inovadora, essas duas últimas sem indicação de idade.

Há também prêmios especiais, como o “Unicef”, oferecido a produções que melhor promovem o conhecimento sobre a vida de crianças em situações de risco e o Japan Foundation President’s Prize, para trabalhos que encorajem o entendimento entre nações e grupos étnicos. E há o “Grand Prix”, voltado ao melhor trabalho entre todos os ganhadores. No total, são premiados doze produções.

Em 2012, o vencedor do grande prêmio foi Wrinkles, uma animação espanhola dirigida por Ignacio Ferreras. Ele também ganhou na categoria educação da prosperidade. O desenho, baseado na HQ de Paco Rosa, mostra a amizade entre dois homens da terceira idade em uma casa de repouso, enquanto um deles precisa lidar com os primeiros estágios da doença de Alzheimer.

wrinkles

(Wrinkles, foto de divulgação)

Outro vencedor festejado, nesse caso da categoria Unicef, foi o documentário chinês Blossom with tears. Com direção de Huaqing Jin, o filme de estilo observador mostra como dois pequenos estudantes de ginástica artística, Ren Peiyuan e Cai Chengxiang, enfrentam as enormes pressões durante os treinos e as carências consequentes pelas suas condições de vida.

Blossom with tears

(Blossom with tears, frame do filme)

Diversidade

Ao contrário do festival japonês, o Gold Panda é dividido em três grandes áreas, cada uma com suas categorias e prêmios principais. Isso faz com que ele ofereça um número muito maior de premiações. Uma delas é a de documentários, que se divide nas seções antropologia, sociedade e meio-ambiente.

No total, apenas a área de documentários contempla 27 categorias, como melhor longa, melhor curta, prêmio especial do juri, produção asiática, mais inovador, melhor fotografia, entre outros. Na seção antropologia, o grande vencedor do festival de 2011 foi o filme dos alemães Claus Wischmann Martin Baer, Kinshasa symphony (o trailer pode ser visto aqui), que faz um retrato da capital da República do congo ao apresentar o desenvolvimento da Kimbaguiste, orquestra sinfônica de uma comunidade carente da cidade.

Kinshasa Symphony

(Kinshasa Symphony, imagem de divulgação)

Já na área animação, as categorias caem para 16. O grande vencedor no último festival foi o desenho Pequeñas voces (o trailer pode ser visto aqui). Produzido na Colômbia e dirigido por Jairo Eduardo Carrillo e Oscar Andrade, o filme se baseou em entrevistas com crianças de 8 e 13 anos de idade, que moram em áreas de risco e conflito armado, para traçar o perfil de uma região problemática vista sob a perspectiva infantil.

pequenas voces

(Pequeñas voces, imagem de divulgação)

A terceira área do Gold Panda pode ser considerada a mais especial. Isso porque ela premia apenas trabalhos produzidos por estudantes de instituições de ensino. Dividida nas seções ficção, documentário e experimental, ela engloba 23 categorias, além de uma competição voltada apenas para alunos chineses sobre a vida universitária.

Ainda que os trabalhos ganhadores dessa área acabem não obtendo o mesmo espaço de divulgação e até na web seja difícil achar mais informações sobre eles, a iniciativa vai de acordo com uma ideia fundamental para o festival: para descobrir novas formas é preciso sempre apostar nos novos talentos.

Neste ano o Gold Panda acontece entre os dias 16 e 18 de novembro. Já o Japan Prize vai de 17 a 24 de outubro. Para mais informações (em inglês): en.sctvf.com.cn e www.nhk.or.jp

Filipe Jahn

Redator do site

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