Educação e mídia no Canal Futura: a potência do audiovisual
A faixa infantil do Canal Futura estreia em um momento desafiador para a educação brasileira em tempos de pandemia. José Brito, gerente do canal, falou ao comKids sobre o projeto de lançamento e o processo de curadoria dos conteúdos. E ressaltou a importância de um TV Educativa frente a desigualdades de acesso às ferramentas de ensino.
– O Canal Futura tem uma marca consagrada de conteúdo educativo. Quais as principais motivações do canal para o lançamento de uma faixa de programação infantil este ano?
“O lançamento de uma faixa infantil educativa reforça o compromisso da Fundação Roberto Marinho na atenção às redes de apoio à Educação Básica. Durante a pandemia do Coronavírus, com a privação do direito de ir às escolas, crianças enfrentaram uma série de desafios que estão associados diretamente ao seu pleno desenvolvimento. Desafios que se mostrarão cada vez mais difíceis a partir de agora. A proposta é fortalecer estas redes com uma nova faixa infantil educativa, que se integra às demais metodologias sociais da FRM no apoio a educadores e famílias neste momento de incertezas, ensino híbrido, risco de evasão e ameaças à jornada educacional de estudantes da pré-escola e anos iniciais do Ensino Fundamental. Sabemos que, entre tantos recursos disponíveis, os audiovisuais podem representar importantes instrumentos para debates e transformações.
– O canal aposta em diferentes faixas infantis de público. Quais as especificidades de cada um deles na programação?
Após um ano intenso de trabalho em parceria com equipes da Singular Mídia e Conteúdo e um time multidisciplinar da Fundação Roberto Marinho, preparamos uma belíssima coleção de audiovisuais educativos organizados a partir de faixas etárias e áreas de conhecimento. Apostamos em três diferentes segmentos: uma faixa para até sete anos, outra dos oito aos 12 e ainda uma terceira para cuidadores e diferentes modelos da família que investigam o desenvolvimento infantil. Mas não foi simples chegar a um modelo padronizado. Foi uma jornada intensa. Quando conversei com João Alegria, Gerente-geral do Laboratório de Educação da FRM sobre a ideia de uma faixa infantil, logo surgiu um nome que não poderia faltar. Convidamos a Beth Carmona que, com toda sua experiência no mercado de audiovisuais para infância, nos auxiliou a entender as novas circunstâncias deste universo infantil frente aos fenômenos de uma geração nascida a partir de 2010. Geração inquieta. Esta geração multitela e multi produtora de conteúdo já transita muito bem por diferentes dispositivos e em diferentes momentos. O Tik Tok revolucionou a relação de crianças e adolescentes no mundo inteiro com o vídeo e não há como negar as influências deste fenômeno ao pensar numa grade para este público, que lida com muita informação ao mesmo tempo. Por outro lado, a pandemia reforçou desigualdades e percebemos que ainda há uma parcela considerável da população sem acesso às ferramentas adequadas para ensino, sem acesso à internet, pacotes de dados, e é aí que uma TV Educativa assume seu papel no combate a estas desigualdades. Organizar a grade com faixas dedicadas a ocupar esta lacuna é uma parte fundamental da atuação do Futura. Por isso, abrimos uma janela diária no período da manhã e da tarde. Nestes dois momentos, agendas como protagonismo infantil, letramento midiático, direitos, emoções, ciência e matemática ganharão espaço, começando com os mais novos e avançando para os mais velhos. De modo a compor uma grade para quem pode utilizá-la para complementar os estudos e ampliar seu repertório cultural.
– A faixa infantil terá programas com diversidade de produção: programas da Bahia, de Pernambuco, um título da Nigéria, séries da Colômbia, da Argentina, Alemanha e Austrália, entre outros. Como esse aporte contribui para um repertório cultural mais variado para crianças?
A seleção foi muito criteriosa. No mercado internacional procuramos fazer escolhas que valorizassem agendas contemporâneas, sobretudo a respeito da diversidade, representatividade e direitos. A relação dos vídeos com potencial para processos educativos também foi um critério. Entre títulos originais de países latino-americanos estão obras que procuram retratar realidades próximas às brasileiras, com questões que fazem parte de muitos dos problemas enfrentados por aqui, como o combate ao bullying, ao racismo, ao machismo… isso tudo amplia o olhar, pois gera empatia nas crianças e aumenta, a meu ver, a capacidade interpretativa para busca de soluções.
– A nova programação também terá uma coprodução internacional, “O dia em que me tornei mais forte” (Prix Jeunesse International, Canal Futura). Essa coprodução internacional é de histórias reais de crianças com episódios de superação, produzidas em mais de 15 países. Histórias reais infantis em live-action não são comuns na TV brasileira. Este projeto é uma aposta para mais representatividade infantil nas telas?
Esse projeto é fantástico. “O dia em que me tornei mais forte” é muito mais do que uma obra seriada com a história de crianças que, de um jeito ou de outro, venceram desafios na vida. Trata-se de uma experiência profunda, que nos permite, antes de tudo, a capacidade de escuta. Muito se fala em lugar de fala, importante falarmos também de lugar de escuta. Escutar uma criança é o primeiro passo para entender o mundo e como as coisas podem ser mais simples quando damos a atenção necessária aos pequenos momentos da vida. O Futura foi o primeiro canal a produzir histórias com crianças durante a pandemia e foi emocionante. Apesar de todas as restrições para as gravações, alcançamos um nível de realidade absurdo, que fez toda a diferença no produto final. Me emociono cada vez que vejo os episódios. Minha filha está com 7 anos e adorou ver com outras crianças venceram seus medos. É educativo.
Faixa infantil – Canal Futura
Estreia 5 de abril
Segunda a domingo – 7h às 9h
Segunda a sexta-feira – 17h às 18h
Distribuição multiplataforma e acesso gratuito/Globoplay e Canais Globo
Confiram mais informação a respeito da faixa infantil do Futura.