Gestar uma ideia: Migrópolis, série de TV
“Meninos e meninas migrantes contam as sua histórias por meio de suas lembranças, famílias, aventuras passadas e particulares impressões a respeito de distância e esquecimento. O passado e o presente desses pequenos cidadãos do mundo pinta um universo fantástico, sem regras e preconceitos, conduzido unicamente por suas palavras, sonhos brincalhões e suas jovens imaginações.”
GESTADA POR: Karollina Villaraga
Quando foi a primeira vez que você pensou em fazer Migrópolis? Como surgiu a ideia? Houve algum disparador para que essa ideia fosse pensada?
Tudo começou há quase cinco anos atrás. Eu queria desenvolver um projeto pessoal e profissional e viajei da Colômbia a Barcelona para estudar um master em animação em que era necessário propor uma ideia para um projeto final. Eu já tinha trabalhado em documentários animados e o universo infantil sempre tinha sido uma fonte de inspiração e crescimento para mim. Pensei em um projeto que pudesse ser muito prazeroso, que unisse a minha experiência, as coisas pelas que me apaixono, ao contexto que estava vivendo.
Em Barcelona, rodeada de gente de todo o mundo, ao pensar em temas como a migração e a identidade, quis saber o que pensaria um menino ou uma menina ao se ver obrigado(a) a deixar o seu país e sua família, trocar de idioma e se adaptar a um novo lugar. Queria dar voz a eles, e que, a partir de sua criatividade, pudessem recriar o mundo que imaginavam.
Como foi o processo de gestar essa ideia? Quais foram as suas sensações, os seus desafios durante esse processo? Com quem você compartilhou essa etapa?
Tínhamos que projetar um personagem para o master e criei um pequeno mico (Tomi), que foi o protagonista da primeira temporada da série. Nesse momento ainda não havia nem o curta-metragem, mas eu imaginei um menino colombiano que tinha viajado para a Espanha. Tivemos a sorte de encontrar Tomi que era filho de uma amiga que veio também de Bogotá a Barcelona e ele deu vida a essa primeira criação.
Desenvolvemos a proposta para o master com Carlos Azcuaga, que agora é meu sócio e grande amigo. Selecionaram o projeto e trabalhamos no curta-metragem junto com Anna Rovira. Tivemos o apoio de vários talentosos amigos e a assessoria dos professores do master.
Durante o processo, quando entrevistamos as crianças a minha sensação foi que eles gostavam de dividir as suas experiências e ocorrências conosco. O grande desafio foi fazer com que fosse um trabalho profissional e de qualidade, que se comunicasse com o gostar dos meninos e das meninas e que funcionasse como piloto para uma série de TV.
Conte para nós sobre o momento em que Migrópolis finalmente “nasceu” para você, esse momento em que você pôde ver os frutos. O que você sentiu ao ver o projeto concretizado?
A primeira vez que o mostramos em uma escola em El Raval de Barcelona, onde há um alto índice de migração e os meninos e as meninas nos deram as suas opiniões, eles fizeram perguntas e gostaram do que viram. Senti que tínhamos feito uma coisa bem feita. Cada vez que chega uma mensagem que nos conta os efeitos do projeto, eu sigo me emocionando, assim como com os prêmios e reconhecimentos que tivemos a sorte de receber.
Você poderia compartilhar algumas chaves que te auxiliaram a levar a ideia de projeto à realidade?
Montar uma boa equipe e buscar gente talentosa em cada área é vital. Também é importante que as pessoas que participam sintam a mesma paixão pelo projeto, que o tema seja atraente para eles e que estejam afinadas com a filosofia do mesmo. Claro que a perseverança e muitíssimas horas de trabalho são o que mantém o projeto vivo e andando.
Você está gestando alguma nova ideia que queira compartilhar?
Estamos formando uma associação em Barcelona com a que queremos fazer oficinas para crianças que contribuam para a sua educação emocional, que fomentem o respeito pelas diferenças sociais e pela diversidade. Queremos seguir dando voz à infância e que o audiovisual, a animação, o teatro e as artes sejam ferramentas que impulsionem nossos objetivos e abram novos espaços de criação.