“Minhocas” é primeiro longa em stop motion do Brasil.
Primeiro longa-metragem em stop motion brasileiro, a animação “Minhocas” estreia nos cinemas nacionais no dia 20 de dezembro. Produzido pela Animaking, em coprodução com a Globo Filmes, Glaz Cinema e Fox Film do Brasil, que também é responsável pela distribuição, o filme conta a história de Júnior, uma minhoca que vive a crise da pré-adolescência e, ao tentar se exibir para colegas, é capturado por uma escavadeira e levado para um lugar onde as minhocas são controladas por um tatu-bola que quer dominar o mundo.
Inspirada no curta “Minhocas”, também produzido pela Animaking em 2006, a produção é resultado de um projeto que levou seis anos para ser concluído, com orçamento total de cerca de R$ 10 milhões.
De acordo com Paolo Conti, produtor e diretor da animação, a escolha pelo stop motion surgiu da ambição da Animaking de produzir um longa de animação capaz de competir com atrações internacionais e com orçamento adequado aos padrões brasileiros. “Queremos que as pessoas entrem no cinema e não fiquem pensando que é um produto nacional. Tínhamos a ambição de produzir um filme que competisse de igual para igual com produções internacionais que contam com até vinte vezes mais recursos. E, para isso, o stop motion era a melhor opção, pois depende mais do trabalho do artista”, diz.
Além disso, diz, a técnica possibilitou trabalhar em um projeto de longa duração sem que a tecnologia se tornasse ultrapassada no momento do lançamento. “Considerando o suporte e recurso que tínhamos, a computação gráfica não era a melhor opção. Já com o stop motion, a imagem está sempre de acordo com a tecnologia da câmera usada, tanto que conseguimos qualidade superior ao 4K”, explica.
Recursos e produção
Após definir formato e roteiro para o longa, e contando com o case premiado do curta-metragem de “Minhocas”, a Mediaking aproximou-se dos outros parceiros. Primeira a entrar no projeto, a produtora Glaz participou principalmente da pré-produção, atuando na captação de recursos e aperfeiçoamento do roteiro. “Eles trouxeram roteiristas com experiência internacional para tornar o projeto mais adaptado ao mercado e produziram também uma versão do roteiro em inglês”, explica Conti. Globo Filmes e Fox entraram no projeto logo depois, apoiando o filme em divulgação, lançamento e distribuição.
A pré-produção de “Minhocas” começou em maio de 2007, e levou um ano para ser concluída. O obejetivo da equipe com o extenso processo foi reduzir tempo e recursos gastos com as gravações. “Trabalhamos no roteiro ao mesmo tempo em que definíamos a tecnologia que usaríamos, para criar uma boa história sem ficar muito caro. Além disso cada minuto de animação exigiu muitos recursos e tempo para ser produzido. Para aproveitar ao máximo as gravações, promovemos mudanças no roteiro e storyboard diversas vezes”, explica Paulo Bocatto, produtor executivo da Glaz.
Antes de iniciar as filmagens do longa, a equipe ainda passaria um ano produzindo cenários, bonecos e a infraestrutura por trás da animação. Trabalhar com uma tecnologia inédita no país apresentou uma série de desafios técnicos para a equipe de produção. “para garantir cenas mais fluidas, desenvolvemos tecnologia de motion control própria que sofisticou muito o trabalho, com máquinas para controlar o movimento de câmeras e auxiliar na movimentação dos personagens”, diz Conti.
Já o processo de filmagens levou dois anos e meio para ser concluído, com uma equipe de cerca de oitenta pessoas trabalhando em dez estúdios. De acordo com as produtoras, houve um período, no ano de 2009, no qual o ritmo das gravações foi reduzido, devido a problemas com o recebimento dos recursos.
O orçamento contou com R$ 1,6 milhões vindos do Fundo Setorial do Audiovisual e patrocínio das empresas Porto Seguro, Goodyear, Petrobras, C&A, Montcalm, Cinemark, MCM por meio de linhas de incentivo. O filme contou ainda com apoio da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo por meio do PROAC e da Agência Nacional de Cinema (Ancine).
Por enquanto, o filme tem sua distribuição acertada apenas em cinemas brasileiros, mas a expectativa é que ele chegue a janelas internacionais. A produção já conta com versões em português e inglês, e a sincronização da fala dos personagens focou a língua internacional.
Por Leandro Sanfelice, Fonte: Tela Viva.