Os bebês e os livros

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O colombiano Evélio Cabrejo-Parra, especialista em leitura na primeira infância, diz que o bebê é um músico em estado puro, alguém que se alimenta da linguagem desde o terceiro mês de gestação (como você pode ler nessa entrevista maravilhosa feita por Gabriela Romeu para a Revista Emília).

E se os ouvidos da criança já estão apurados, nada melhor do que oferecer a ela a chance de escutar uma variedade de sons. Aqui, falamos de estilos literários e da força narrativa que cada livro traz. Essa música, a leitura em voz alta, é essencial. “A importância da palavra, a importância da voz materna (que tem na leitura uma de suas formas de transmissão) desde o período de gestação e durante os primeiros meses de vida, desempenham um papel determinante na formação na primeira infância. A palavra é a porta de entrada para uma dada cultura, ela introduz a linguagem, ela educa para uma determinada musicalidade e para um ritmo específico que vai marcar e acompanhar por toda a vida essa criança”, escreveu Dolores Prades no texto >>Uma biblioteca na primeira infância – Voz, palavra e narrativa<<.

“É por isso que, em todas as culturas, há cantigas de ninar, contos populares, acalantos, contos da tradição oral que passam de geração para geração e conduzem, transmitem e preservam, como por um fio, uma dada cultura e suas tradições. São, sem dúvida, estes os mais antigos e poderosos relatos e “leituras” que reforçam e alimentam os laços de afeto e a estrutura psíquica e emocional dos pequenos seres em formação”, completa.

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Esse é um tema apaixonante, não? Pensar em como as crianças se desenvolvem e entender melhor suas necessidades psíquicas ainda na barriga me parece tão precioso. Se pra você isso também soa interessante, conheça mais em “A pequena história dos bebês e dos livros“, um livro/cartilha (imagens acima) editado pela Pulo do Gato para ser distribuído no último Conversas ao Pé da Página.

Por último, guarde bem essa frase de Evélio Cabrejo-Parra: “A língua existe antes de o bebê nascer. Ele nasce, chega, ganha um nome, aprende a falar, vai embora – e a língua continua. É muito importante lembrar: o ser humano pertence, entra, em uma cadeia simbólica. E essas músicas facilitam a entrada na cadeia simbólica que faz parte do patrimônio simbólico das comunidades. É uma marca. Há muitas culturas que marcam o rosto para dizer quem pertence a elas. A língua também é uma marca. No momento em que a criança começa a falar, diz de onde vem, mesmo que não o diga literalmente. É uma maneira de identificação. A língua é um patrimônio, um patrimônio extraordinário.”

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Garatújas Fantásticas

http://garatujasfantasticas.com/

Com foco em arte e literatura, o Garatujas Fantásticas é uma iniciativa do Estúdio Voador, uma ponte para que adultos e crianças experimentem o mundo juntos, troquem olhares e experiências.

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