Os pequenos vencedores

Filipe Jahn
9 de maio de 2013

Curta premiado aborda a importância de uma partida de futebol para as crianças que a jogam

A pressão de ser considerada uma pessoa vitoriosa é sintoma característico da sociedade atual. E em diversas situações é comum perceber que essa necessidade imposta surge cedo, levando crianças a sentir o dever de provarem uma capacidade extraordinária.

Sob essa perspectiva age e desmistifica o curta-metragem espanhol O Pequeno Time (L´equip petit), dos diretores Roger Gómes e Dani Resines. O filme mostra a enorme incompetência do Margatánia, time de meninos e meninas com cerca de sete anos, para ser mais competitivo em sua liga. Para dar uma ideia, durante a temporada a equipe chegou a levar 271 gols e conseguiu marcar apenas um. Contra.

Mas é a partir dessa suposta inabilidade que os diretores subvertem a lógica e apresentam uma história inspiradora de um grupo unido em torno de um objetivo próprio da infância. A obra foi premiada como melhor curta no Shire International Short Film Festival, da Austrália, e no Festival Internacional de Cine para Niños, do México, além de ter sido selecionada para festivais da Alemanha, Estados Unidos, Argentina, entre outros países.

O espectador assiste ao treinamento, preparação e jogo, intercalado por entrevistas com os próprios atletas, técnico e pais. Por um lado, os pequenos jogadores do Margatánia acreditam em diferentes razões para a grande dificuldade em marcar o primeiro gol a favor: os outros times têm crianças mais velhas e mais fortes, ou que são mais experientes no esporte, ou é culpa do nervosismo que aparece na hora de chutar a bola.

Entretanto, a vontade de vitória é dúbia nesse caso. Todos os envolvidos querem vencer os jogos. Mas há triunfos maiores que eles também procuram e obtém, revelados com o passar do filme. E aos poucos se torna evidente que a cada atuação da equipe existe uma sensação geral de conquista.

Para os pais, se há a percepção de que a equipe tem evoluído tecnicamente, assistir a ela em campo é sempre uma garantia de entretenimento. Para o técnico, cada derrota serve de aprendizado para a próxima partida, ainda que o mais importante sejam as lições assimiladas sobre respeito, colaboração e companheirismo. Já as crianças, não há dúvida que procuram o gol. Porém, como eles entendem, para isso há bastante tempo. O principal objetivo do jogo, agora, é o prazer de se divertir.