Produção brasileira de animação cresceu 40% em seis anos, segundo Ancine

Giovana Botti para o comKids

O aquecimento da produção de animação brasileira ganhou força nos últimos anos sob efeito de grandes mudanças no mercado interno. A diretora da ANCINE, Rosana Alcântara, falou ao comKids, por email, e revelou alguns resultados do apoio do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) e da lei da TV paga, que estimulou a demanda de conteúdos nacionais nos canais brasileiros.

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Rosana Alcântara, diretora da ANCINE. Foto: divulgação

comkids – O Brasil vive um bom momento do gênero animação com cases de sucesso no cinema e na TV. Esse segmento de mercado tem crescido no País?

Sim, a produção de animação tem crescido. Os números de emissão de Certificado de Produto Brasileiro – CPB ao longo dos últimos anos demonstram que de 2009 para 2015 houve um aumento de quase 40% na produção de obras de animação. Em 2009, foram registradas na Ancine 128 obras de animação. Já em 2015, esse número cresceu para 178.
O mercado de TV paga, no qual as obras seriadas têm grande expressão, foi preponderante para esse crescimento a partir do advento da Lei 12.485, que fortaleceu a produção audiovisual nacional como um todo ao estabelecer uma maior demanda de conteúdos brasileiros. De 2009 para 2015, por exemplo, o número de registros de obras seriadas de animação aumentou quatro vezes.
O expressivo crescimento da animação ocorre inclusive com o apoio do Fundo Setorial do Audiovisual – FSA: foram investidos cerca de R$ 80 milhões em 81 projetos de animação (alguns receberam por mais de uma linha). Nesse quadro, as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste contaram com 25% dos projetos contemplados, num movimento de expansão da regionalização das produções de obras de animação.

– A programação infantil de TV, tão ligada ao gênero animação, tem sido especialmente beneficiada pelo estímulo a produções nacionais? Isso seria suficiente?

As linhas do FSA vêm de modo consistente contemplando a animação brasileira, que participa das seleções públicas em pé de igualdade com os outros formatos. “O Menino e o Mundo” é um bom exemplo: o projeto de produção da obra recebeu R$ 400 mil do FSA, além de apoio da Ancine para participar de festivais internacionais.

Além disso, vale lembrar que atualmente há 5 editais abertos para a produção de obras audiovisuais direcionadas para TVs públicas. Nesses editais, há propostas de produção especificamente voltadas para animações. São cinco editais, um direcionado para cada região do Brasil. Ao todo, eles trazem 10 propostas para a produção de obras seriadas de animação, com foco no público infantojuvenil a partir de temáticas como infância e diversidade étnica.

Para essas 10 propostas – duas por região do país –, está previsto o investimento de mais de R$ 7,5 milhões. Esse olhar exclusivo para a produção de animação demonstra que a Ancine está atenta à importância do desenvolvimento dessa linguagem tão rica em nosso audiovisual. Está em nosso horizonte perseguir a ampliação da produção de obras nesse formato, bem como seu alcance ao público, em especial o infantojuvenil. É muito importante para a Ancine que as crianças e adolescentes brasileiros tenham acesso ao audiovisual nacional e que haja obras voltadas para o público infantojuvenil. Mais do que visando uma formação de público para as produções nacionais, essa necessidade se impõe no sentido de se assegurar para crianças e adolescentes o direito à cultura nacional, o direito a um diálogo mais direto com as formas de expressão e do sentir desenvolvidos pelos brasileiros no audiovisual.

Imagem do destaque: longa Brasil animado, Mariana Caltabiano, 2011

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