Três décadas de Divercine – Festival Internacional de Cine para Niños y Jóvenes

Divercine, o festival de audiovisual infantojuvenil mais antigo da América Latina em atividade, completou 30 anos e anunciou novidades para as próximas edições. O criador e diretor do evento, o uruguaio Ricardo Casas, parte para novos projetos e deixa um legado histórico na contribuição para o acesso de crianças e jovens da região a obras de cinema de alta qualidade.

Ricardo Casas, criador do tradicional festival uruguaio Divercine

Ricardo Casas foi homenageado na cerimônia de encerramento do Festival comKids Prix Jeunesse Iberamericano 2021, com o depoimento de parceiros de toda a América Latina que reconhecem o seu trabalho como fundamental para a difusão de conteúdos audiovisuais diversos e para o reconhecimento da qualidade artística das obras produzidas para o público infantojuvenil.

Com a transição, o Divercine passará a ser gestado, a partir do ano que vem, por um grupo de produtores e realizadores: Florencia Donagaray, Pablo Maytia, Camila de los Santos e Alvaro Adib.

Poster da edição do 30º Divercine – Festival Internacional de Cine para Niños y Jóvenes, realizado no Uruguai com a exibição de curtas, médias e longas de vários países, para crianças a partir dos 3 anos de idade.

1992 a 2021
Ao completar três décadas de atuação e com mudanças pela frente, o Divercine produziu uma publicação de resgate do percurso do evento, desde sua criação em 1992. A publicação pode ser acessada online: “1992, 2021: Treinta años de festival Divercine”.

A publicação resgata a origem do Divercine, na Cinemateca Uruguaia em 1992, e registra as muitas transformações pelas quais passou o evento, que teve diversas subsedes pela Ibero América, em um esforço constante pela descentralização do festival para levar as projeções a crianças além dos eixos culturais das grandes cidades.

A diretora do comKids, Beth Carmona, em depoimento à publicação de Divercine, registra a importância do festival para a região latino-americana. “Divercine em seus 30 anos fez muito mais que um Festival para Crianças. Formou pessoas, promoveu encontros, coproduções e horas agradáveis de uma comunidade de amigos com fortes laços”, diz Beth Carmona.

A conexão desta comunidade em intercâmbio de experiências entre produtores, realizadores e pesquisadores do audiovisual infantojuvenil na América Latina também se fortalece por meio dos festivais parceiros. Na publicação, Ricardo Casas rememora nomes de referência na região e lembra da relevância do festival Cineduc, de Marialva Monteiro, no contexto da criação do Divercine.

Casas também pontua o papel preponderante do Festival Prix Jeunesse Internacional, de Munique, para o encontro de profissionais latino-americanos engajados na promoção do acesso à cultura, da formação de plateias e na reflexão crítica sobre temas e abordagens dirigidas a crianças e adolescentes.

Poster da edição de 2019. Sebastián Santana é ilustrador e desenhista de Divercine desde 2002

Educação audiovisual
O diálogo entre o cinema e a educação sempre ocupou papel relevante nos eventos do Divercine, que valoriza o aspecto formativo do cinema. O acesso a conteúdos audiovisuais de estéticas, formatos e temáticas variadas, de diversas partes do mundo, contribui para o repertório estético e crítico das infâncias, em alternativa ao consumo mais mainstream de produções de grandes conglomerados.

Em consonância com essa valorização do tema, a edição deste ano do Divercine promoveu uma conferência online sobre cinema e educação.

 

“O tema Cine e Educação sempre nos preocupou, basicamente porque no currículo da educação do Uruguai se ensina literatura, desenho, até teatro, mas não se ocupa da linguagem audiovisual, algo que as crianças e os jovens mais consomem”, registra Ricardo Casas na publicação sobre os 30 anos do evento.

A publicação ainda resgata os esforços de profissionais da área que muitas vezes resultaram em políticas públicas culturais, como no caso da Colômbia, que, a partir de uma iniciativa de Adelaida Trujillo e Patricia Castaño firmou o “Compromiso por una TV de calidad para niños y jóvenes”.

Desde o início de Divercine até o desafio atual da pandemia de Covid-19, que também levou o festival à plataforma de streaming, são muitas histórias de lutas e conquistas nas trincheiras da promoção da cultura audiovisual infantojuvenil. A publicação sobre os 30 anos do festival brinda esse legado.

Viva Ricardo Casas!

Destaque: frame da publicação “Almanaque”, celebração dos 30 anos do Divercine.

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